sábado, 14 de julho de 2012

    Adoção é, sem dúvida, um gesto de amor.


   Quem gera filhos é genitor. Para atingirmos a condição de pais, precisamos mais do que gerar; é imprescindível estabelecer uma relação afetiva. Assim, todos os filhos precisam, sem exceção, ser adotados afetivamente. O grande desafio que temos diante de nós é transformar o puramente biológico em marcadamente afetivo. O filho adotivo não é uma prótese que venha substituir uma deformidade. Sem dúvida, procriar é uma condição dada pela natureza; criar é uma responsabilidade no âmbito da ética entre os homens. Procriar é um momento; criar é um processo. Procriar é fisiológico; criar é afetivo.

   Um filho traz a sensação de valorização, a oportunidade de produzir coisas boas, de poder trocar afeto. Assim, o tempo que levaram desde o início da idéia de adoção até o seu florescimento (buscar a criança), corresponde a uma verdadeira gestação.
  

  
   O Puerpério, período que dura mais ou menos 45 dias e corresponde ao pós-parto, é acometido de múltiplas emoções na qual a adaptação da criança aos pais se dá. Ao levar a criança para casa, os pais começam a praticar os cuidados com a criança, ou seja, alimentação, fraldas, troca de roupas, banho, etc. Durante esses cuidados diários a criança começa a adquirir o sentimento de pertencer àquela família, assim como os pais sentem que pertencem à ele. Todo esse manejo dá aos pais a sensação concreta que "criam" o filho, que ele é seu dependente e que precisa ser cuidado em tempo integral.

   O momento de buscar a criança para trazê-la para casa equivale emocionalmente ao Parto: a expectativa de como será este encontro, como a criança é, como reagirá, desperta muita ansiedade. Nesta ocasião, que será de grande emoção, os pais poderão ter reações as mais diversas e confusas, tais como medo, insegurança, alegria, esses sentimentos também permeiam o universo dos pais biológicos quando têm seus filhos.

  N
esse período, mais ainda quando o adotado é o primeiro filho do casal, os pais costumam sentir a responsabilidade de ter essa criança com eles, pode gerar dúvidas quanto ao erro ou acerto de tê-la adotado; pensam se vão sair-se bem nesta função, se são suficientemente bons, se estão preparados. Mas é também um período em que a vinculação entre pais e criança se estreita, onde o medo do abandono existe nos dois lados. Então, o menor gesto da criança de buscar auxilio dos pais representa a aceitação, daí todas as dúvidas são dissipadas porque aquela criança os reconhece como pais e os cativa.


   "Adotar é acreditar que a história é mais forte que a hereditariedade, que o amor é mais forte que o destino."

2 comentários:

  1. Oi Marcela! Nunca duvidei desta relação de PERTENCIMENTO,,,,desde sempre ,,,quando fui tocada pela adoção,,,OS PLANOS DIVINOS, me permitiram ter a sensação desta FAMILIDADE na troca desprendida das emoções, com responsabilidade e acima de tudo sentimentos ÚNICOS...Ser e Ter Família é do interno para o externo...que se transforma em gestos e atitudes de acolhimento do Amor Incondicional.Bjo no seu ♥

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  2. Bel, antes de começar a aprofundar na adoção, nunca tinha pensando nessa questão da 'espera'. Achei muito interessante quando li e queria dividir com o restante das pessoas, porque é a mais pura verdade.
    Tanto famílias biológicas, quanto as adotivas tem a espera do tão sonhado filho; do medo do erro; medo da rejeição.
    Muito interessante o pertencimento do filho adotivo :)))

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